Avançar para o conteúdo principal

Reforma tributária prevê impostos que vão atingir classe alta

Crédito: Freepik

O texto da reforma tributária aprovado pelo Congresso Nacional em meados de dezembro ainda precisará de leis complementares para a regulamentação das regras previstas na nova legislação. Um trabalho que deverá ocupar a agenda dos parlamentares pelos próximos meses ou até anos. Mas já se sabe que algumas mudanças contempladas pela reforma têm como alvo a classe mais elevada da sociedade.

Isso porque uma das modificações previstas é a cobrança do IPVA, que atualmente é direcionado exclusivamente aos proprietários de veículos terrestres. Com a reforma, os veículos aéreos particulares, como os jatinhos e helicópteros, e aquáticos, como lanchas, iates e jet-skis, também deverão ser submetidos à cobrança anual.

“Hoje a arrecadação do IPVA é dividida meio a meio entre o estado e o município onde o veículo foi emplacado. Esses entes públicos terão autonomia para definir o valor da alíquota, a partir de novos critérios que serão estabelecidos por lei complementar”, esclarece Igor Montalvão, do escritório Montalvão & Souza Lima Advocacia de Negócios, especializado em direito tributário. “Sem essas leis complementares, é difícil fazer qualquer projeção de como vai funcionar, mas a lei que autoriza a cobrança é a da reforma, que já foi aprovada”, explica.

A boa notícia para quem tem um desses veículos é que a cobrança não será imediata. Aliás, a reforma entrará em vigor de maneira gradativa, a partir de 2026, sendo concluída em 2033. No caso do IPVA cobrado sobre os veículos aéreos e aquáticos, o cronograma de implantação das modificações prevê a cobrança já no primeiro ano.

“É um processo gradativo porque há muito trabalho ainda pela frente. É como um imóvel novo, mas totalmente vazio, sem mobiliário. As leis que vão definir as regras desse novo IPVA ainda serão discutidas, e são elas que vão preencher os esclarecimentos a respeito da matéria”, compara o advogado Igor Montalvão.

Imposto sobre heranças

Outro ponto da reforma aprovado pelos congressistas é a criação de alíquotas progressivas sobre bens oriundos de heranças. O Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) deverá ser mais elevado à medida que o bem recebido pelo herdeiro também for maior. “É um critério que num primeiro momento podemos considerar justo, mas, novamente, dependerá da lei complementar para analisarmos se será abusivo”, pondera.

“Em 2024, as alíquotas de ITCMD variaram entre 1% e 8% do valor dos bens recebidos, dependendo de cada estado da Federação. É bastante salgada, se considerarmos que o teto é sobre valores mais elevados. Por isso, o imposto tende a manter a progressão da cobrança, mas agora usando de uma mesma base para todos os estados. Se fugir dessa margem, acredito que será algo bastante difícil de digerir pela sociedade”, pontua o advogado tributarista da MSL.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Condomínio pode proibir acesso de hóspede do Airbnb?

Créditos: Freepik O Airbnb, aplicativo de hospedagens em residências, é um verdadeiro sucesso no Brasil. Já em 2018 eram mais de 3,8 milhões de usuários no país, segundo dados da própria startup. À época, o crescimento na rede de usuários era de nada menos que 71% em relação ao ano anterior. Realmente, para a imensa maioria das pessoas que já usou o app, é uma mão na roda: o usuário fica livre das diárias caras dos hotéis e, de quebra, tem a chance de se hospedar numa residência mobiliada e totalmente à sua disposição pelo tempo que quiser. O custo-benefício, portanto, é bem mais em conta. Mas tem um porém: em casos de condomínios, há moradores fixos preocupados com sua segurança, coisa que nem o Airbnb nem o dono do imóvel podem garantir. O entra-e-sai de pessoas desconhecidas, que usufruem da locação, muitas vezes criam um cenário de medo e de insatisfação entre quem tem o condomínio como residência. Até porque são pessoas que, no máximo, tendem a se preocupar com a disponibilidade d

Nova lei regulamenta profissão de agentes de saúde

  freepik Projeto de Lei nº 1.802 foi sancionado pelo Governo Federal e publicado no Diário Oficial da União em janeiro de 2023   Um fomento a saúde pública acabou de ser sancionado pelo presidente da República. Trata-se do Projeto de Lei nº 1.802, de 2019, que fortalece a atenção básica à saúde, com a regulamentação da profissão de agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias como profissionais oficiais da saúde. O texto foi publicado na edição do Diário Oficial da União (DOU) de 20 de janeiro de 2023. Em resumo, a emenda altera a Lei nº 11.350, de 5 de outubro de 2006, para a finalidade que específica. Com isso, agora, os profissionais das duas categorias poderão acumular até dois cargos públicos, desde que as atividades não conflitem em horário. Estrategista em direito médico e direito da saúde, o advogado Thayan Fernando, fundador do escritório Ferreira Cruz Advogados, comemora e considera a aprovação uma vitória. O especialista ainda explica como será o futuro de